quarta-feira, 25 de junho de 2014

A desilusão na sociedade moderna

Já foi falado na perda da inocência da sociedade moderna. Infelizmente isso é verdade. E isso traz um resultado terrível para as pessoas. Muitas máscaras caíram, é verdade, mas também é verdade que a felicidade pessoal está mais longe de ser alcançada, que o ideal social torna-se uma utopia. E a busca da felicidade, movia os corações. Um encontro com alguém decente e um final feliz no relacionamento era o que importava. O conteúdo importava. Agora o que mais se visa é a forma. A boa índole perdeu o primeiro lugar para o desenho do corpo. A mulher, em geral, com a emancipação coletiva, esvaziou-se da autovalorização antes pleiteada e se enquadrou completamente no papel – desejado pelos homens – desenhando-se como mero objeto sensual para deleite dos machos, qual árvore de natal que se adquire como bem de consumo. A vulgaridade, o mau gosto e a artificialidade estão entronizados nas preferências e as pessoas se arrastam atrás dos superficiais. O objetivo da profissão - com a busca de identificação pessoal, perdeu lugar para a autoprojeção e valores puramente monetários. A ostentação material conquistou a todos. O 'paraiso' se faz pelo status e poder financeiro. Busca-se a realização pessoal apenas pela supremacia econômica e social.

Os princípios formadores de valores como a verdade, a honestidade, a honra, o respeito foram distorcidos. Passou-se a existir uma ciranda de troca de atitudes repreensíveis, deletérias. Aprendemos a ser como os outros, a 'dançar conforme a música'. Portanto não sou mais eu, sou o que os outros oportunizam que eu seja. Não tenho personalidade própria. Onde houver educação, serei educado. Onde não houver, não serei. Bem assim com a honestidade, a honra, o respeito. Os pais não têm mais voz ativa em nada para os filhos adolescentes. O exemplo comum é o de afrontas a princípios basilares da convivência familiar, base de construção de uma sociedade saudável. A lei anulou a primeira autoridade instituída no mundo, quando deixa de dar-lhe legítimo suporte legal para acompanhar com eficiência os atuais costumes autodestrutivos da prole. Os próprios pais perderam o rumo e a responsabilidade de mestres quando, desde cedo, ensinam aos filhos que “todos os políticos são corruptos”, que “todos os pastores são ladrões”, que “padre é pedófilo”, que “não traga desaforo para casa”, quando lança suspeitas dizendo que a vizinha é infiel ao marido por alguma dedução pessoal, que o vizinho “é um safado”, etc. Pior ainda quando se fala mal dos próprios familiares. As crianças são bombardeadas com informações negativas de todos aqueles que estão a seu redor, pintando em sua mente um quadro aterrador da sociedade que integra.

Nesse modelo atual da sociedade brasileira verificamos o aumento de separação dos casais e da violência familiar com o evento morte, dos conflitos entre pais e filhos, do maior uso de drogas e álcool, da gestação infantil, da morte violenta de adolescentes, do aumento de furtos e roubos, etc. Com a quebra de antigos paradigmas busca-se a satisfação pessoal na sensação de poder. Sobretudo no poder político, econômico, físico-sexual e no da violência. Aprendemos que as pessoas só respeitam esses atributos, não mais a nossa boa índole, a nossa conduta exemplar, os nossos princípios inegociáveis, os nossos valores altruistas. Logo nos ensinam que para entrar no time dos bem sucedidos devemos ser espertos (não de coração puro), desonestos (não generosos), agressivos (não tolerantes), ricos (não realizados profissionalmente), que devemos ser os 'importantes', os primeiros, etc. E vamos passando para os outros o que temos aprendido. Muitas vezes conseguimos superar a vários. Só não coseguimos ser os melhores como filhos, cônjuges, pais, amigos, vizinhos. Estamos aprendendo a ser mais tudo e menos gente.

Alberto Magalhães

Sobre a reputação

O celebrado professor Clóvis de Barros Filho escreveu que "a reputação é um eu fora do meu alcance." E, certamente, muitos concord...