quinta-feira, 3 de setembro de 2015

A mentira - ou o transtorno da personalidade perversa


É dito, com muita propriedade, que a verdade liberta. Já a mentira aprisiona o próprio autor dela e, por vezes, a sua vítima para sempre. Também como já foi dito, a verdade quando dói, dói só uma vez e a mentira é dolorosa sempre que é revivida. Há pessoas que mentem reiteradamente porque sofrem de uma patologia chamada de personalidade perversa, caracterizada pela ausência de efetivo sentimento social e por extrema insensibilidade moral. A inteligência é usada para mascarar a sua debilidade para relações interpessoais saudáveis. O mentiroso crônico é um antropofágico social, que não come a carne humana, mas devora a reputação do outro ainda com maior prazer.

No entanto pior que o mentiroso doentio é o mentiroso estrategista, que mente pela simples, covarde e medonha intenção de atingir o outro no que ele tem de mais importante: a sua honra. O primeiro é perverso porque é doente, o segundo por opção. Este é canalha, indecente, indigno. O primeiro precisa de uma camisa de força e um internamento para ser tratado, o segundo merece a prisão perpétua. “A maledicência sem fundamento é mentira perversa” sentenciou Públio Siro. Maledicência é inverdade, calúnia, difamação. A maledicência se espalha – pela boca dos seus simpatizantes – como a peste bubônica que assolou a Europa e a Ásia no século VI.

Muitas das vezes “A verdade dói, a mentira mata e a dúvida tortura”, como falou Bob Marley. Mesmo a “boa” mentira é algo ruim, pois é um logro, um embuste, uma ilusão. O Mestre Jesus disse que “O Diabo jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é o pai da mentira.” Consta no livro Provérbios, de Salomão: “Há seis coisas que o Senhor detesta e a sétima ele abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, coração que maquina projetos iníquos, pés que correm para o mal, testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.”

Alberto Magalhães

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