terça-feira, 22 de julho de 2025

Lula, Trump, Bolsonaro e o STF

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Milhões de pessoas a favor de Lula e do STF, contra Bolsonaro. Milhões de pessoas a favor de Bolsonaro, contra o STF e contra Lula. O país está dividido. E tanto Lula quanto Bolsonaro suscitaram adversários também lá fora. Chefes de Estado e de governo. Desde que assumiu o governo federal em 2002 (e já se vão 23 anos) Luiz Inácio Lula da Silva fortaleceu o pensamento do espectro político "à esquerda" no Brasil e aderiu ao bloco "à esquerda" no cenário extraterritorial, fazendo oposição político ideológica aos EUA, tentando consolidar internacionalmente a independência econômica e política daquela potência internacional por considerá-la historicamente imperialista, seguindo uma bandeira de movimento estudantil comunista (abaixo o imperialismo americano!) das décadas de 1970 e 1980, quando havia um regime de exceção no Brasil. Enquanto isso, cortejava países como Rússia e China, ambos de natureza notavelmente imperialista, autoritária. Aproximou o Brasil de Cuba, de Venezuela e de outros governos "da esquerda" sul-americana. Com Fidel Castro, criou o Fórum de São Paulo e integrou o Brics para fazer frente aos EUA e ao capitalismo. Isso fez gerar desconfiança no mercado internacional e a perda de investimentos no Brasil. Principalmente pela governança populista, estatista e perdulária exercida continuamente.

 

E Lula, montado na utopia delirante, sonhava em comandar a ONU, sem ao menos lembrar que o agrupamento econômico capitalista internacional governa o mundo. E como toda força e sua consequente ação suscita uma força oposta, esta emergiu, com ímpeto. Após mega escândalos de corrupção, descambando na denominada operação Lava Jato, o movimento de resistência popular dos conservadores, insatisfeitos com a lambança institucional ocorrendo no país, foram cooptados e conduzidos para o extremo oposto do lulopetismo, por um militar de extrema-direita que pegava carona no espontâneo movimento popular. Para poder fazer frente ao social e economicamente nefasto sistema governamental estabelecido, os conservadores aderiram ao capitão EB Jair Bolsonaro e assumiram posturas da direita e da extrema-direita, que têm no seu manual, a manutenção de tradições socialmente edificantes, a intenção de armar a população e o lema: "bandido bom, é bandido morto". Desde que não seja da sua família. Muitos desses seguidores depois recuaram e ficaram neutros na eleição de 2022. Os dois espectros políticos, quando estão no poder, têm em comum o interesse num Estado policial contra adversários, em detrimento do Estado de direito.

 

Ao assumir o governo, com gestão austera, responsável, Bolsonaro ganhou de presente a maldição da pandemia COVID-19 e se alvoroçou, sob pressão do mercado mercenário e mantenedor do Estado, fazendo comentários não tolerados por muitos (erro estratégico 01), em descontrole emocional. Por intermédio dos seus conselheiros, soube compor com o centrão pragmático e garantiu a governabilidade, mas não soube lidar com o STF, que se impunha a protagonismo depois de ser alvo de falas contumazes e institucionalmente deletérias do presidente Bolsonaro (erro estratégico 02), dos seus filhos e de quadros da direita que estava se achando empoderada. Houve ministros que foram gravemente afrontados. Chegando o STF a ser "ameaçado" com um cabo do EB para fechar-lhes as portas. O STF, então, restaurou as prerrogativas cívicas de Lula, baseando-se em irregularidades praticadas no curso da ação penal pelo magistrado e pelo procurador do MP. Quando, então, Lula, apesar dos graves escândalos de corrupção ocorridos em seu governo e no da Dilma Rousseff, foi reeleito presidente da República. Faltou - e falta, no Brasil, outro líder que representasse melhor a esquerda libertina. Mas, já há Tarcísio de Freitas representando a direita, nas suas alas conservadora e radical. E Michelle Bolsonaro. Houve tentativa de golpe? Creio que sim. Seria bom ou ruim? A esquerda e a direita têm resposta. Mas, penso que elas, as respostas, são antagônicas.

 

Alberto Magalhães

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O DISSIMULADO MARKETING DO MAL

No século passado, conhecemos o cinema, a televisão, as grandes revistas, os movimentos denominados expressionismo, fauvismo, cubismo, abstracionismo, dadaísmo, surrealismo, pop art, arte contemporânea, hippie, feminista, estudantil, pela reforma agrária, sociais e culturais que influenciaram os costumes - até na dança, trazendo novas perspectivas sobre a liberdade individual, igualdade de direitos e expressão artística. 

Após o trauma da segunda grande guerra o mundo queria evoluir e evoluiu. Foi criada a ONU, com o seu Conselho de Segurança e a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Exceto na combalida África, a humanidade melhorou depois da dor. O que infelizmente não aconteceu, nos dias atuais, após a tragédia do Corona vírus (COVID-19). A doença, de alguma maneira, desumanizou as relações sociais. Desta vez o real perigo, os inimigos "estavam entre nós". E, também, já aprendemos a lidar, de alguma forma, com a solidão natural, mas não com a segregação forçada. Nestas circunstâncias, a solidão própria é demasiado opressiva, angustiante. 

Estamos no início de novo século e as coisas desandaram, como se vivêssemos períodos cíclicos, alternando ethos, como dos climas das estações. O mundo aprende e desaprende sucessivamente. Senão não teria havido uma segunda grande guerra. O planeta Terra é só uma roda gigante. O erro político do século passado foram as ditaduras malditas de diferentes espectros políticos, não propriamente os regimes. Povos foram enganados. As da esquerda sobreviveram. No século atual o mundo desaprendeu os bons ensinamentos, ainda recentes, que tornaram a convivência humana mais saudável, numa sociedade que é governada autoritariamente - porque é humanamente governada, onde as pessoas são retaliatórias, agressivas, de não fácil relação interpessoal. Moderadamente após a virada cultural mundial. Mas, a violência pessoal tem recrudescido com força animal. O egocentrismo humano a tudo deturpa como a tripudiar da sua frágil condição humana.

Depois da guinada para o fundamental, na ingênua busca pelo essencial, volta-se para a valorização do artificial, do material, do imediato, imperiosamente influenciado pelo ganho individual em detrimento do coletivo. Agora estamos vivendo numa sociedade onde se pretende que prevaleça o individualismo, a vontade pessoal do cidadão. Onde se impõe as suas particularidades e passionalidades segundo descrição grega arcaica do "conceito de doxa". Numa geração de fracos gerada pelo exitoso marketing comercial banal, o indivíduo moderno aprendeu a mimar a si mesmo e aos seus filhos, tornando-os irremediavelmente inseguros, tímidos. Estes, por se haverem impotentes serão insensíveis a questões históricas e sociais preponderantes, que no século passado culminaram na melhoria das sociedades. Eles não têm uma concepção macro realista do mundo. A fuga para as telinhas não aproximou, de forma emocionalmente empática, o mundo de nós. 

Antes ninguém era igual, mas constituía um dos grupos identitários existentes. Agora persegue-se a autonomia e a autenticidade. O indivíduo firma a sua conduta pessoal idealizada ou forma o seu grupo por meio de dogmas de matiz ontopsicológica. Alguns guiados pelas entranhas. Como a veneração a cabelos brilhosos, barrigas enxutas, glúteos grandes e tatuagens exuberantes. É o culto ao corpo moderno. Almejam adquirir fãs, admiradores e seguidores. Intentam criar um céu terreno e serem adorados. Aumentou a galera da promiscuidade sexual, do HPV e do HIV. Os números não são atualizados para não "reprimir" os amantes do sexo livre. Os parceiros modernos fingem que não traem e fingem que não são traídos. A independência consagrada, numa conduta de rebanho. No melhor estilo dos Meriones shawi e Antechinus. Bom que não ficam grudados tal qual os da espécie Canis lupus familiaris. A indústria como sempre e em tudo, ajuda na instigação da luxúria e da lascívia. Agora até por meio de comprimidos estimulantes, que leva alguns à morte. 

E até se mescla conceitos ou costumes ambivalentes. Resvalando para um politicamente correto tendencioso. Há um constante embate de egos feridos, a chamada "era do ressentimento". Hoje há amor pelos animais e ódio às pessoas. Algumas religiões tomam o lugar de Deus. Também estão sendo formadas tribos de engajamento ideológico que intentam excluírem-se mutuamente, comprometendo a teoria democrática emoldurada em tese, antítese e síntese política. "A minha verdade imposta não pode ser debatida, é para ser respeitada." E quem discorda tem que ser abatido. É a geração do sentir, não do pensar. Os pensadores tornaram-se obsoletos. Ocorre que da pluralidade humana, do diálogo ideológico nutre-se a democracia. Os brasileiros partidários da extrema esquerda e da extrema direita flertam com o fascismo deletério todo o tempo e nem sequer se dão conta disso. Os consecutivos governos perdulários e corruptos são um capítulo à parte dessa história. 

Depois de tantos conhecimentos, tantas opções e possibilidades as mentes confusas adoeceram. E alguns acabam buscando no perigo, prazer. A necessidade do uso de medicamentos psicotrópicos explodiu. E surgiu a geração drogada. Seja no uso continuado de cocaína, álcool ou remédios para tudo e para todos. Para dormir, relaxar, concentrar, embelezar, transar... Quase não se faz mais almoço familiar tradicional. Agora as refeições funcionam num balcão self-service, numa cozinha à la carte residencial. Dentro do núcleo familiar cada um faz o seu horário, o seu cardápio, os seus costumes, a sua verdade e ingressa numa tribo social, mesmo que disfuncional, mas que represente os seus sentimentos, mesmo que em controvertida definição. Geração vaga, fútil, superficial, perdida em si mesma. Que busca na leveza exterior a saída para o peso insuportável de si próprio.

(“O homem não pode salvar o mundo.” James Lovelock)

 Alberto Magalhães Carneiro

Lula, Trump, Bolsonaro e o STF

wordpress Milhões de pessoas a favor de Lula e do STF, contra Bolsonaro. Milhões de pessoas a favor de Bolsonaro, contra o STF e contra Lula...