O Procurador da República Jeferson Dias, lotado
em Marília, interior de São Paulo, ajuizou uma ação requerendo a retirada da
expressão “Deus seja louvado”, das notas do Real. A juíza federal Diana Brunstei
indeferiu o pedido liminar. O Procurador, representante do Ministério Público
Federal, alegou em sua pretensão que a referida expressão contida no nosso
papel moeda viola os princípios da laicidade do Estado, da liberdade religiosa
e o da legalidade. No entanto a expressão em questão não se reporta a uma
religião, nem mesmo diretamente à religiosidade do povo, mas ao princípio
(Deus) da espiritualidade inerente ao ser humano (que dá suporte à
religiosidade), reconhecida pela Constituição federal ao cidadão brasileiro. A
fé é algo inextinguível no homem sensível aos mistérios do espírito. Trago a
lume o seguinte comentário para iniciar o meu pensamento: “Negar o sagrado, a
transcendência, o anseio por Deus e a experiência religiosa, que apelam para os
mais profundos mistérios da alma e estão presentes nas culturas de todos os
povos e em todos os tempos é, independente de qualquer coisa, falta de cultura,
sensibilidade, seriedade ou total desrespeito à pessoa humana (Bispo Edir
Macedo, Jornal Folha Universal).
A lei diz que o Estado é laico, não ateu. O
Estado não é religioso nem ateu, apenas laico. Ou seja; neutro, não sujeito à
religião. E não oposto a esta, muito menos à espiritualidade, que tem primazia
sobre ela e a quem a expressão em lide está adstrita. Se o governo eleito
representa o povo exercitando o poder político, é o Estado a base desse poder.
A soberania do Estado é antes de tudo a soberania do povo que o sustém. E o
povo historicamente elegeu a Deus como governante mor, primeiro e maior que o Estado.
No Brasil mais de 80% da população é composta de
Cristãos (católicos e evangélicos) e, ao se incluir os membros de outras
religiões e não membros que se declaram crentes em Deus, esse índice alcança
95% da população brasileira (mesmo que nem todos sejam militantes ativos). Fica
a pergunta: de qual pergunta o Procurador Público Jefferson está falando? A dos
5% restantes? Penso que a maior parte desse pequeno percentual da população
seja de agnósticos e apenas a minoria seja de ateus. O importante é que quase a
totalidade desses dois segmentos não se importa com a questão suscitada, se na
nota de real há uma frase de fé ou não. A frase gravada no papel moeda tolhe a
liberdade de alguém manifestar a sua religiosidade ou a sua não religiosidade?
Certamente que a ilegalidade estaria na indução para que os cidadãos se
tornassem membros de alguma religião ou então no sentido contrário, não em
repercutir a concepção dos crentes na existência de um Ser transcendental,
criador e mantenedor do universo.
Ao se afirmar que Deus existe não se atinge os sentimentos do ateu, mais fácil seria alimentar o seu ego de pessoa autorreconhecida como sendo mais racional, intelectual, evoluída. Já a afirmação de que Deus não existe – ou a tentativa de impugná-lo, como pretende o Procurador Público fere profundamente o sentimento de quem crê e vive mediante essa fé. O agnóstico e o ateu vivem para si (para o seu projeto pessoal) tendo como foco a razão e o agora. O religioso vive para a divindade (num projeto coletivo) tendo como foco a espiritualidade e o porvir. O religioso não pode ferir os não religiosos ou não espiritualistas. Apenas pode lhes acrescentar uma imarcescível esperança, já por eles pode ser atingido porque podem tolher a prática da sua fé, sua razão de existir.
Ao se afirmar que Deus existe não se atinge os sentimentos do ateu, mais fácil seria alimentar o seu ego de pessoa autorreconhecida como sendo mais racional, intelectual, evoluída. Já a afirmação de que Deus não existe – ou a tentativa de impugná-lo, como pretende o Procurador Público fere profundamente o sentimento de quem crê e vive mediante essa fé. O agnóstico e o ateu vivem para si (para o seu projeto pessoal) tendo como foco a razão e o agora. O religioso vive para a divindade (num projeto coletivo) tendo como foco a espiritualidade e o porvir. O religioso não pode ferir os não religiosos ou não espiritualistas. Apenas pode lhes acrescentar uma imarcescível esperança, já por eles pode ser atingido porque podem tolher a prática da sua fé, sua razão de existir.
Ensina-se nas escolas públicas que, segundo a
teoria de Darwin, o homem é fruto da evolução da espécie, e isso se contrapõe à
religiosidade, à religião e ao princípio (Deus) da espiritualidade, que é
atributo separado da religiosidade, sendo a religiosidade fruto da
espiritualidade. Diante da aceitação nas escolas públicas desse vasto
ensinamento que se opõe à crença de 95% da população brasileira, se quer, por
outro lado, cercear uma simples frase de origem criacionista no papel moeda
nacional? Essas duas iniciativas tornam-se deveras desproporcionais quando se
observa a forma do Estado transmiti-las e o alcance dessas oponentes mensagens:
a da negação e a da afirmação da existência de um Ser divino a reger o
universo. Que tudo se examine, mas que tenhamos discernimento para reter o bem.
Na quarta década da Era Cristã, Jesus de Nazaré
disse a célebre frase quando lhe perguntaram se os judeus deveriam pagar
tributo ao governo romano: “Daí a César o que é de César e a Deus o que é de
Deus”. Quase dois mil anos depois desse acontecimento ainda estamos lutando
para oferecer a Deus aquilo que lhe pertence: o louvor, mesmo que seja
insculpido na moeda “de César”, esse símbolo de materialidade, individualismo,
avareza... e, ao mesmo tempo, instrumento de progresso e solidariedade humana.
Bom seria que nos mercados, viadutos, escolas, muros lojas, fóruns, palácios,
vestes, em todos os lugares e em todas as pessoas estivesse gravada essa
simples e poderosa mensagem: Deus seja louvado!
Alberto Magalhães